Nos lugares que vêm a seguir, o despertador é o barulho dos lifts a abrir às 8h da manhã, o “trânsito matinal” é uma fila de riders com café na mão e o caminho para o trabalho/escola/supermercado faz-se de prancha nos pés. Não são simples estações de ski – são autênticas capitais do snowboard, construídas de propósito para quem vive só para dropar. Estas são as 7 mais lendárias do planeta, vem conhecê-las.
Whistler, Canadá – A capital mundial que nunca dorme (mesmo com -20ºC)
Whistler Village foi literalmente inventada para o snowboard nos anos 60-70. O boom aconteceu mais tarde (anos 90) e hoje é a Meca.
Tudo gira à volta das montanhas gémeas Whistler e Blackcomb, ligadas pelo Peak 2 Peak – o teleférico mais longo e alto do mundo (436 m acima do vazio, olá vertigens!). São mais de 200 pistas, 3 snowparks gigantes (um com halfpipe olímpico), 37 lifts e uma vila pedonal onde até o McDonald’s tem vista para a montanha. É provavelmente o lugar do planeta Terra onde há mais lojas de pranchas de snowboard por metro quadrado. À noite a vila transforma-se num festival non-stop de bares, música ao vivo e alguns eventos especiais. Se não tiveres de prancha nos pés, olham-te mesmo de lado.
Avoriaz, França – A cidade sem carros onde até o supermercado tem rampas
Construída nos anos 60 só para desportos de inverno – planeada do zero, sem história urbana prévia – Avoriaz é um OVNI arquitetónico brutalista coberto de madeira escura e… zero carros na rua (só trenós puxados por cavalos e snowcats).
Podes sair do apartamento de prancha nos pés, deslizar até ao supermercado, comprar o café e o croissant e voltar a dropar para a pista. Faz parte do domínio Portes du Soleil (600 km de pistas ligadas entre França e Suíça) e tem o lendário snowpark ecológico “The Stash” da Burton, escondido na floresta com rails de troncos e wallrides naturais. À noite os rooftops viram bares com DJs e luzes néon refletidas na neve. Parece filme de ficção científica… mas com muito mais estilo.
Breckenridge, EUA – A cidade mineira que trocou ouro por neve
Fundada em 1859 por mineiros à procura de ouro, Breckenridge percebeu que a verdadeira riqueza estava nos 200 dias de sol e na neve fofa.
Hoje, a gondola BreckConnect leva-te da Main Street histórica (casas vitorianas cor-de-rosa e azul) diretamente para os 5 picos. Tem um dos halfpipes mais altos do mundo (com paredes de 6,7 metros), 187 pistas e o Freeway Terrain Park tão grande que tem setores separados para iniciantes e pros. A vila vive de festa: bares abrem às 8h para “breakfast beer” e, em fevereiro, acontece o Ullr Fest – um carnaval viking com 10 mil pessoas a gritar por mais neve. Além disso, a Main Street recebe regularmente concertos ao vivo e eventos temáticos que animam a vila durante toda a temporada de inverno. Basicamente, o Velho Oeste trocou as pistolas por pranchas e nunca mais olhou para trás.
Niseko, Japão – O paraíso de neve para onde até os aussies emigraram
Niseko United são quatro resorts interligados (Grand Hirafu, Hanazono, Niseko Village e Annupuri) em volta da vila de Hirafu, que parece uma mini-Tóquio perdida na neve.
Caiem em média 15 metros de neve por temporada (sim, leste bem) e o “Japow” (abreviação de Japan Powder – o nome que o mundo inteiro dá à neve mais fresca e fofa do planeta, que cai em quantidades absurdas nas montanhas do Japão) é tão leve que flutuas. Muitos hotéis e chalets são ski-in/ski-out total: sais do quarto, clicas as fixações no corredor e já estás na pista. Fora das pistas há ramen shops lendários, onsen ao ar livre com neve a cair na cabeça e bares de karaoke até às 5h. Uma boa parte da vila fala com sotaque australiano porque os aussies vieram “só por uma temporada” há 15 anos e nunca mais foram embora. É o único sítio do mundo onde o après-ski acaba com banho termal e cerveja Sapporo gelada.
Saalbach-Hinterglemm, Áustria – O circo do ski que virou playground de snowboarders
Bem-vindos ao Ski Circus: 270 km de pistas ligadas sem tirar a prancha, 70 lifts e uma vibe que mistura Oktoberfest com Tomorrowland na neve.
Saalbach e Hinterglemm são duas vilas gémeas separadas por 3 km de bares, discotecas e pistas noturnas. O Nightpark ilumina-se com LED até às 21h30, o Goaßstall é oficialmente o après-ski mais louco dos Alpes (música tecno tirolesa às 16h, metade do bar a cantar em coro de copo na mão às 17h) e o desafio diário é fazer os 12.000m de desnível do “Skicircus Challenge” (há quem consiga… e depois durma 3 dias seguidos). Ah, e há um bar chamado Hinterhagener que só abre quando neva mais de 30 cm – a senha para entrar é gritar “Hinterhiiiiiii” e brindar com os amigos ao espírito da montanha. Áustria, mas versão rave.
Ruka, Finlândia – A capital do freestyle do Ártico (e com aurora boreal como bónus)
No final dos anos 80, Ruka começou a ser expandida e modernizada com um único objetivo: ser a casa do snowboard nórdico.
A vila pedonal fica mesmo na base da montanha e muitos hotéis, apartamentos, lojas e bares são 100 % ski-in/ski-out – sais porta fora e já estás na pista. Tem um dos melhores snowparks da Europa (BatteryRun Park), com várias linhas (da iniciante à pro), halfpipe olímpico e a famosa “Front Yard” mesmo no centro da vila (podes fazer um 360 à saída do bar). A temporada oficial abre normalmente em outubro e vai até maio, graças ao sistema de neve artificial mais potente da Escandinávia e às temperaturas baixas naturais. Quando caem as grandes nevadas, abrem-se os portões controlados para o backcountry de Vuosseli, com tree runs longos e seguros. Extras que ninguém esquece: em novembro/dezembro podes deslizar pelas pistas iluminadas à noite com luzes LED, e em abril/maio aproveitas dias longos com horas de luz quase contínua. Aurora boreal no céu de inverno ou o sol que se mantém até tarde na primavera – escolhe o teu mood.
Cervinia, Itália – A vila alta que vive colada ao Matterhorn e respira snowboard 365 dias por ano
Situada aos pés do Matterhorn, uma das montanhas mais famosas dos Alpes e do mundo, Cervinia é conhecida pelas suas pistas longas, suaves e bem cuidadas, ideais para todos os níveis.
É interligada com Zermatt, na Suíça, formando um dos maiores domínios esquiáveis da Europa: 360 km de pistas, um snowpark (Indianpark) a 3400m de altitude e um halfpipe natural que se mantém perfeito até maio graças ao glaciar. Podes literalmente sair do hotel de manhã, dropar no park, almoçar fondue do lado suíço e voltar para Itália sem quase tirar a prancha dos pés. A vila em si é um mix perfeito de charme italiano com vibe de montanha: ruas pedonais cheias de gelatarias, lojas de pranchas e bares onde o bombardino (ovos + brandy + natas) é servido a partir das 15h. À noite, o Yeti Bar e o Dragon são os quartéis-generais dos snowboarders – música alta, projeções de vídeos e gente ainda de botas até de madrugada. E o melhor? Graças ao glaciar, Cervinia é um dos poucos sítios dos Alpes onde se pode andar de snowboard no verão (julho e agosto inclusive). Aqui a temporada nunca acaba – é snowboard para toda a vida.
Qual destes destinos já te está a fazer abrir o Skyscanner em modo incógnito? Conta-nos nos comentários, marca a tua ride-or-die e prepara a mala – a temporada já começou e estas cidades não esperam por ninguém!