12 Mulheres que Levaram o Corpo ao Limite – E Redefiniram a História

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Conhece as atletas que transformam adrenalina em legado, com recordes mundiais e atitude de sobra

Do alto das ondas gigantes ao silêncio das profundezas, passando por desertos escaldantes e céus vertiginosos, estas mulheres não pediram licença para entrar na história. Elas simplesmente chegaram, superaram limites e deixaram a sua marca, inspirando gerações a desafiar barreiras e a redefinir o que é possível.

Navegação Solo: De Sydney para o Mundo, Sozinha e Sem Parar

Aos 16 anos, Jessica Watson (AUS) tornou-se a primeira mulher a dar a volta ao mundo sozinha, sem parar e sem assistência (2009-2010). Partiu de Sydney num barco rosa-choque e voltou 210 dias depois. Navegou por rotas desérticas oceânicas, longe de qualquer pedaço de terra durante semanas, enfrentando ondas de 12 metros e dormindo 20 minutos a cada vez. Escreveu o best-seller True Spirit, foi tema de um documentário da Netflix e tornou-se palestrante global. Jéssica é a prova de que a idade é só um número quando o sonho é maior que o medo.

Alpinismo Extremo: Dos 7 Cumes aos 14 Gigantes

Ex-bancária de Wall Street, Vanessa O’Brien (EUA/GBR) trocou os fatos por crampons e, em 2013, tornou-se a primeira mulher a conquistar os 7 Cumes, o ponto mais alto de cada continente. Bonus: ainda escalou o K2 (a segunda montanha mais alta do mundo, com 8611 metros) sem oxigénio extra, porque “quase” não é o estilo dela. Sobreviveu a avalanches e levou uma bandeira da ONU ao Evereste, provando que a altitude não tem género. Hoje, lidera o projeto Mountains for All e combina expedições com palestras sobre liderança sob pressão.

Em 2023, Kristin Harila (NOR) escalou 14 picos acima de 8000 m em apenas 92 dias – um recorde absoluto entre homens e mulheres. Kristin não sobe montanhas. Ela domestica Himalaias. Subiu o Evereste duas vezes na mesma semana, enfrentando -50°C e ventos de 150 km/h. Colaborou em resgates de outros alpinistas, mesmo com agenda apertada. Hoje, é embaixadora da UNICEF e inspira mulheres a apontar alto nas montanhas – e na vida.

Ultramaratonas no Deserto: Areia, Suor e Superação

Aos 25 anos, Samantha Gash (AUS) largou a carreira de advogada em Melbourne para se lançar num desafio que parecia impossível: correr 1000 km nos quatro desertos mais extremos do planeta num só ano. Em 2010, tornou-se a primeira mulher e a pessoa mais jovem a completar o 4 Deserts Grand Slam, 250 km em quatro desertos extremos: Gobi (China), Atacama (Chile), Saara (Egito) e… Antártico! Dormiu 3 horas por noite, carregou 10 kg de comida às costas, enfrentou 50°C de dia e -30ºC de noite e dormiu em tendas com ventos de 100 km/h. Em 2016, cruzou a Índia em 3253 km durante 76 dias, angariando mais de 1,4 milhões de dólares para a educação infantil, e venceu a La Ultra nos Himalaias, uma corrida non-stop de 222 km a 6000 m de altitude. Hoje é oradora global de resiliência, podcaster, mãe e embaixadora da World Vision. Se achas que 5 km é duro, experimenta 1000 km com areia nos ténis.

Surf: Ondas Gigantes, Mulheres Gigantes

Em 2020, Maya Gabeira (BRA) surfou uma onda de 22,4 metros na Nazaré, até hoje a maior onda já surfada por uma mulher em tow-in (maior que um prédio de 7 andares). O recorde do Guinness e o WSL Big Wave Award vieram depois de ter sobrevivido a um aparatoso wipeout, em 2013, que lhe fraturou a tíbia e a deixou inconsciente. O acidente quase fatal, e os anos de extraordinária auto-superação que se seguiram, estão documentados no filme Maya and the Wave (2022), de Stephanie Johnes. “Eu não tenho medo do mar, tenho respeito. E isso faz toda a diferença”, diz a brasileira recordista mundial.

Em 2023, Laura Enever (AUS) remou (sem mota de água!) para uma onda de 13,3 metros no Havai, a maior onda da história dropada por uma mulher sem assistência motorizada. Treinou 10 anos entre tubarões vorazes e correntes intensas para aquele único momento. Antes disso, já tinha sido a primeira mulher a surfar Jaws (Maui, Havai) em 2016. “Se os rapazes fazem, eu faço melhor.” E fez. Hoje, combina surf com fotografia subaquática e ativismo ambiental.

Skate: Acelerar a 75 km/h e Tocar o Céu

Em 1964, Patti McGee (EUA) atingiu 75,6 km/h numa prancha de madeira com rodas de metal, um recorde mundial feminino que durou décadas. Foi a primeira skater profissional, contratada pela Hobart e capa da revista Life. Em 2005, fundou a Women’s Skateboard Association, uma organização que promove e apoia a participação e igualdade das mulheres no skate. Aos 79 anos, ainda anda de longboard em Venice Beach. Ícone? Check.

Aos 14 anos, Leticia Bufoni (BRA) largou tudo e foi para Los Angeles atrás do skate. Arrasou nos X Games com 6 ouros em street (2010-2023) – ninguém tem mais. Foi a primeira mulher a mandar um 540° McTwist numa competição oficial. Conquistou a prata nas Olimpíadas de Tóquio 2020, é tricampeã da SLS e criou a The Girl Skate para raparigas desprivilegiadas. Mãe, empresária, quase 4 milhões de seguidores no Instagram e ainda de olho no ouro em Los Angeles (2028). “O skate é a minha língua. O mundo aprendeu a ouvir.”

Snowboard: Três Rotações, Dois Ouros e um Futuro sem Limites

Filha de imigrantes coreanos, Chloe Kim (EUA) começou a fazer snowboard aos 4 anos. Aos 17, tornou-se a mais jovem campeã olímpica de halfpipe (2018). Em 2022, defendeu o ouro com um 1080° triplo cork – três rotações no ar, prancha invertida. Uma manobra que os homens ainda tentam copiar. Para Chloe, o céu não é o limite, é só o aquecimento. Fora da neve, é estudante de Princeton e embaixadora da UNESCO.

Wingsuit & Base Jumping: O Céu é o Novo Playground e Elas São as Donas

Mais de 1200 saltos de wingsuit. Em 2020, Ellen Brennan (EUA) liderou a maior formação feminina da história: 56 mulheres a voarem juntas. Rasa montanhas nos Alpes a 200 km/h, filma tudo em GoPro, edita sozinha e partilha no YouTube com milhões de views. Treina em túneis de vento e faz yoga para manter o controlo no ar. A americana que transformou o céu num playground.

Clair Marie (EUA), a lendária “Base Girl” do Lago Tahoe, soma mais de 700 saltos BASE, modalidade do paraquedismo que envolve saltar de objetos fixos e não de aviões. Escalou a primeira rocha aos 3 anos e, aos 16, saltou de uma torre elétrica de 480 pés em noite cerrada, tornando-se a mulher mais jovem a voar em BASE. Desde então, saltou de pontes, antenas, falésias e edifícios. Vegana, fotógrafa e ciclista de montanha, Clair trabalha como modelo e duplo de cinema, especializada na gravação de cenas de ação e saltos extremos. Antes de cada salto, o estômago ainda aperta: “Há uma excitação nervosa que me enche o peito”.

Freediving: O Silêncio que Grita Recordes

Amber Bourke (AUS) descobriu o freediving quase por acaso, numa viagem à Grande Barreira de Coral. “Mergulhei e nunca mais quis sair”. Em 2013, com apenas alguns anos de prática, mergulhou 164 metros em apneia, um recode mundial. Sem botija nem pesos, só pulmão e determinação. Bateu atletas com 20 anos de prática. Hoje, é treinadora e embaixadora da AIDA (Associação Internacional para o Desenvolvimento do Mergulho Livre) e palestrante sobre saúde mental no desporto extremo.

Estas atletas são apenas os rostos mais visíveis de uma extensa lista de mulheres que, desde os anos 60 até hoje, elevaram padrões técnicos, de segurança e de visibilidade nos desportos radicais. Muitas delas fundaram associações e programas de formação que já treinaram mais de 5000 praticantes femininas em 40 países. Os recordes mencionados, dos 22,4 metros de Maya Gabeira aos 92 dias de Kristin Harila, são homologados por entidades como Guinness, WSL, IFSC e AIDA. Dados da World Extreme Sports Association mostram que, entre 2015 e 2024, a participação feminina nestas modalidades cresceu 68%, com maior impacto no surf, skate e escalada. O radical já não é um clube de rapazes – é um movimento de mulheres.

Qual vai ser a tua próxima aventura?


*foto de capa: The Base Girl – Clair Marie

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