Aprende a usar os “12 Pontos de Prazer” do The Career Workbook para descobrir o que realmente importa para ti no trabalho
Às vezes não há um grande drama — só um incómodo miúdo, um cansaço novo, uma sensação de desalinhamento difícil de explicar. É nesse momento que a ideia de mudar de carreira surge quase como reflexo: “Talvez eu esteja na área errada…”

Mas The Career Workbook, da The School of Life, traz uma provocação elegante: e se o problema não for a carreira — mas a falta de prazer dentro dela?
Segundo o livro, antes de mudar de profissão, precisamos primeiro entender o que exatamente deixou de funcionar para nós. E é aqui que entra a abordagem central da obra: os 12 Pontos de Prazer.
O que são os 12 Pontos de Prazer: clareza antes de ruptura
O livro descreve que cada carreira satisfatória é alimentada por uma combinação única de “pontos de prazer”: elementos emocionais e psicológicos que dão sentido ao trabalho. São fatores como:
- sensação de impacto
- oportunidade de aprender
- autonomia
- uso profundo das tuas capacidades
- estabilidade
- criatividade
- convivência inspiradora
- alinhamento de valores
- espaço para construir algo
- reconhecimento
- equilíbrio
- propósito
Cada pessoa precisa destes pontos em proporções diferentes, e estas proporções mudam ao longo da vida. O teste, portanto, é um espelho: ele mostra onde falta algo essencial — e onde há excesso de coisas que não te alimentam mais. A ideia é simples e transformadora: antes de mudar de carreira, tenta entender qual parte precisas mudar, pois muitas vezes, não é a carreira inteira que está errada, é apenas um ou dois pontos cruciais que desapareceram do dia a dia.
A metodologia é direta:
– Avalia cada um dos 12 pontos
– Percebe quais são realmente importantes para ti hoje (não há 10 anos)
– Avalia quanto desses pontos existem no teu trabalho atual
– Identifica os pontos ausentes — os que estão no zero, mas deveriam estar no máximo
Este processo revela o mapa emocional da tua carreira. Muitas vezes, descobre-se que se gosta da área, mas a criatividade já não surge; que se aprecia a empresa, mas a autonomia perdeu-se; que existe estabilidade, mas falta impacto; ou que há flexibilidade, mas a aprendizagem desapareceu. E ao perceber tudo isto, vem uma sensação de alívio: o problema é específico e ajustável — não é necessário destruir tudo para reconstruir.
Como aplicar os 12 pontos na vida real
Depois de identificar os pontos mais importantes, o livro sugere trabalhar em duas direções:
Ressignificar o atual trabalho
Explorar formas de trazer de volta aquilo que falta — novos projetos, conversas com a liderança, pequenas negociações, mudanças internas, desenvolvimento de skills.
Ajustar a rota, não abandonar o mapa
Se a tua área ainda te interessa, mas tens carências específicas, a mudança pode ser menos radical do que imaginas: funções próximas, projetos paralelos, cursos, reestruturação de prioridades.
Ou seja, a solução deixa de ser “mudar tudo” e passa a ser mudar o que importa.
O livro reforça que uma carreira não deve ser guiada por uma visão heróica e fixa do futuro, mas sim por uma escuta contínua ao longo da vida.
E, para isso, os 12 Pontos de Prazer funcionam como coordenadas internas: eles revelam não apenas o que está a faltar, mas também em quem te tornaste, quais necessidades amadureceram, quais valores passaram a pesar mais.
Talvez já não queiras apenas crescer — queiras contribuir.
Talvez já não procures estabilidade — procures autonomia.
Talvez já não te alimentas de desafios — alimentas-te de equilíbrio.
A mudança de carreira pode até acontecer, mas agora como resultado de clareza, não de impulso.
No fim, não é sobre a carreira — é sobre ti
A grande lição do The Career Workbook é esta: antes de abandonar a estrada, tenta perceber em que parte dela perdeste o prazer. A vontade de mudança não é um erro, é um pedido discreto para voltar ao que te faz bem e um sinal de que algum dos teus 12 pontos está a chamar a tua atenção.
E quando descobres qual é, a pergunta deixa de ser “Devo mudar de carreira?” e passa a ser: “Como posso trazer de volta o que me dá vida no trabalho?”
Esta é a verdadeira transformação — menos radical, mais honesta, profundamente tua.
Faz o teste e descobre os teus pontos principais
Natalia Montenegro, especialista em comunicação e estratégia de marcas, escreveu no seu substack “Dear Self” sobre este tema e criou um teste rápido, intuitivo e revelador, inspirado no The Career Workbook para descobrir o que realmente te dá prazer no trabalho e é fácil de fazer.
Para começar, lê cada afirmação e avalia quanto ela te representa:
0 = não tem nada a ver comigo
1 = corresponde um pouco
2 = corresponde totalmente
Soma os pontos ao final de cada categoria (cada uma vale um máximo de 10).
No fim, escolhe os teus 6 maiores “Prazeres do Trabalho”. Eles tornam-se o teu compasso interno — a combinação única entre aquilo que te dá alegria e aquilo em que naturalmente tens talento.
1. O Prazer de Fazer Dinheiro
□ Entusiasmo-me quando percebo o que os outros precisam antes que o digam.
□ Vejo ineficiências como oportunidades de negócio.
□ Lucro é um desafio intelectual estimulante.
□ Entendo clientes melhor do que eles próprios se entendem.
□ Gerar dinheiro através de insights genuinamente satisfaz-me.
Total: ___/10
2. O Prazer da Beleza
□ Percebo imediatamente quando algo está esteticamente errado.
□ Em criança, adorava embrulhar, decorar e compor.
□ Objetos bem desenhados dão-me alegria real.
□ Detalhes estéticos elevam a minha experiência de espaço.
□ Uma mesa bonita ou um ambiente harmonioso fazem o meu dia.
Total: ___/10
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3. O Prazer da Criatividade
□ Adoro a fase em que tudo é possível — como LEGO antes de construir.
□ Imagino versões melhores de músicas, histórias ou experiências.
□ Gosto de experimentar mentalmente ideias novas.
□ Procuro formas mais eficazes de comunicar e resolver.
□ Pessoas confundem a minha busca por clareza com sede de novidade.
Total: ___/10
4. O Prazer da Compreensão
□ Eu era aquela criança que perguntava “porquê?” para tudo.
□ Adoro quando o caos vira clareza através de uma boa explicação.
□ Escrever ajuda-me a pensar e acalma-me.
□ Frustra-me quando algo não é explicado de forma lógica.
□ Gosto de reportagens que revelam o “por detrás dos bastidores”.
Total: ___/10
5. O Prazer da Expressão Pessoal
□ Em criança, adorava quando perguntavam a minha opinião.
□ Fico frustrado quando não me escutam.
□ Amo partilhar coisas que me apaixonam.
□ A ideia de ser entrevistado(a) ou escrever sobre minhas experiências atrai-me.
□ Sinto-me realizado(a) quando toco alguém com as minhas palavras.
Total: ___/10
6. O Prazer da Tecnologia
□ Gosto de perceber como as coisas funcionam.
□ Pergunto-me qual é a essência de um problema.
□ Acredito que ainda estamos no começo do potencial tecnológico.
□ Admiro ferramentas bem projetadas, simples ou complexas.
□ Vejo tecnologia em tudo — até meias ou cadeiras bem feitas.
Total: ___/10
7. O Prazer de Ajudar os Outros
□ Em criança, sentia-me útil quando me pediam ajuda.
□ Gosto que me contem preocupações, mesmo sem solução perfeita.
□ Trabalho só é significativo se faz diferença para alguém.
□ Gosto de saber como o meu trabalho impactou vidas.
□ Histórias de resgate sempre me atraíram.
Total: ___/10
8. O Prazer de Liderar
□ Gostava de liderar para implementar ideias, não por status.
□ Penso com mais clareza quando outros entram em pânico.
□ Gosto quando procuram o meu conselho.
□ Acredito que liderança se prova por competência.
□ Evito pessoas que fogem da responsabilidade.
Total: ___/10
9. O Prazer de Ensinar
□ Meu impulso é explicar quando alguém erra.
□ Adoro transformar confusão em confiança.
□ Gosto de preencher lacunas quando há interesse genuíno.
□ Lembro-me de professores que valorizavam meu esforço.
□ Às vezes preciso ter cuidado para não parecer patronizador(a).
Total: ___/10
10. O Prazer da Independência
□ Adoro estar sozinho(a) com meus pensamentos.
□ Fascinam-me histórias de quem criou o próprio caminho.
□ Prefiro opiniões próprias a seguir multidões.
□ Detesto tours e atividades hiper guiadas.
□ Estar só recarrega-me.
Total: ___/10
11. O Prazer da Ordem
□ Tudo deve ter o seu lugar — o caos incomoda-me.
□ Irrita-me quando histórias vêm desordenadas.
□ Eu era uma criança cuidadosa e organizada.
□ Gosto de sistemas claros e categorias.
□ Fico fascinado(a) quando elementos se encaixam num todo coerente.
Total: ___/10
12. O Prazer da Natureza
□ Detesto janelas seladas — preciso de ar.
□ Em criança, adorava animais e imaginava suas vidas.
□ Desafios ao ar livre motivam-me.
□ Documentários de natureza fazem-me querer estar lá.
□ A natureza energiza-me mais do que qualquer cidade.
Total: ___/10
Os Teus Resultados:
Os seis maiores prazeres no trabalho são o teu norte profissional e constituem a tua zona preciosa. Eles revelam onde você tem mais chances de ter sucesso, sentir motivação duradoura e entregar real impacto. É o ponto de equilíbrio entre prazer, habilidade e utilidade.