Ela transformou o skate em arte, resistência e liberdade sobre rodas


Numa época em que o skate era dominado por homens, Judi Oyama desafiou o impossível — (spoiler…) e venceu. Nascida na Califórnia, começou a andar de skate ainda adolescente, em pistas hostis, tanto no cimento como na atitude. Filha de imigrantes japoneses, enfrentou preconceitos duplos: por ser mulher e por pertencer a uma minoria asiática num desporto ainda muito fechado.
Mas a determinação de Judi falou sempre mais alto. Nos anos 1970 e 1980, brilhou nas competições de slalom e freestyle, destacando-se não apenas pela técnica impecável, mas pela fluidez e elegância com que transformava o skate numa forma de arte. Na sua primeira competição, em 1979, destacou-se como a única mulher participante, conquistando o 8º lugar ao competir lado a lado com homens — provando que talento não tem género.
Espírito, Cultura e Resistência
Mais do que uma atleta, Judi Oyama é um símbolo de resiliência e autenticidade. A um desporto que sempre piscou o olho à rebeldia, ela trouxe disciplina, alegria e uma conexão profunda com o movimento.
Aliás, durante o seu discurso no Skateboard Hall of Fame, ela relembrou as motivações no início da sua carreira:
“No início, não andava de skate por títulos de competição. Andava de skate apenas pela diversão — pela maestria de descer uma ladeira ou alcançar um frontside grind numa piscina de três metros. Era sempre só eu e o meu skate.”

Para Judi, o skate sempre foi mais sobre liberdade e expressão do que sobre troféus — uma forma de estar presente no momento, corpo e mente em harmonia sobre quatro rodas. A cultura que ajudou a moldar nos anos 1980 expandiu-se muito além das pistas. Foi uma das primeiras mulheres a ganhar patrocínios, a aparecer em revistas especializadas e a inspirar gerações futuras de skatistas a ocuparem espaços que antes pareciam vedados.
Hoje, Judi Oyama continua a competir e a ensinar — e ainda sobe no skate com a mesma paixão juvenil. O seu corpo carrega décadas de quedas, voltas e superações, mas também o poder de quem nunca parou de acreditar no movimento.
Recentemente, perguntamos à Judi se poderia partilhar uma mensagem de incentivo para futuras gerações de miúdas e jovens skatistas. E ela nos respondeu com palavras inspiradoras:
“Sinto-me muito sortuda por poder continuar a andar de skate e, espero, poder inspirar a próxima geração de jovens skatistas. O meu conselho é: nunca desistam! Não escutem pessoas que dizem que vocês não conseguem. Dêem apoio àqueles que estão a tentar — isso faz diferença.”

A mensagem de Judi relembra-nos a importância de persistir, acreditar em si mesmo e apoiar quem está ao nosso redor — uma lição para meninas e meninos dentro e fora do skate.
Um Legado em Constante Movimento
A trajetória de Judi é, afinal, um lembrete de que o desporto é também uma forma de resistência cultural. A skatista abriu as portas para atletas como Elissa Steamer, Letícia Bufoni e tantas outras mulheres que hoje fazem do skate uma linguagem global de força, criatividade e expressão.
Mesmo décadas depois da sua estreia nas pistas, Judi continua a quebrar barreiras — literalmente.
A 12 de setembro de 2024, foi reconhecida pelo Guinness World Records como a skatista competitiva mais velha do mundo na categoria feminina, aos 64 anos e 326 dias, depois da sua participação no World Skate Games.

Este feito não é apenas um marco desportivo; é um testemunho de perseverança e amor pelo que faz. Judi mostra que a idade nunca é um limite quando o movimento é o que te move. Neste vídeo no seu instagram ela conta mais sobre esse feito.
No fim de contas, a lição é simples e poderosa: não importa quantas vezes possas cair — o que conta é como continuas a deslizar.
Para te inspirares ainda mais, vê abaixo o vídeo feito pela Santa Cruz Skateboards, lançado no Dia Internacional da Mulher em 2023, celebrando a trajetória e o legado de Judi Oyama: