Queres mesmo mudar de carreira… ou só perdeste o prazer no que fazes?

Aprende a usar os “12 Pontos de Prazer” do The Career Workbook para descobrir o que realmente importa para ti no trabalho


Às vezes não há um grande drama — só um incómodo miúdo, um cansaço novo, uma sensação de desalinhamento difícil de explicar. É nesse momento que a ideia de mudar de carreira surge quase como reflexo: “Talvez eu esteja na área errada…”

Mas The Career Workbook, da The School of Life, traz uma provocação elegante: e se o problema não for a carreira — mas a falta de prazer dentro dela?

Segundo o livro, antes de mudar de profissão, precisamos primeiro entender o que exatamente deixou de funcionar para nós. E é aqui que entra a abordagem central da obra: os 12 Pontos de Prazer.

O que são os 12 Pontos de Prazer: clareza antes de ruptura

O livro descreve que cada carreira satisfatória é alimentada por uma combinação única de “pontos de prazer”: elementos emocionais e psicológicos que dão sentido ao trabalho. São fatores como:

  1. sensação de impacto
  2. oportunidade de aprender
  3. autonomia
  4. uso profundo das tuas capacidades
  5. estabilidade
  6. criatividade
  7. convivência inspiradora
  8. alinhamento de valores
  9. espaço para construir algo
  10. reconhecimento
  11. equilíbrio
  12. propósito

Cada pessoa precisa destes pontos em proporções diferentes, e estas proporções mudam ao longo da vida. O teste, portanto, é um espelho: ele mostra onde falta algo essencial — e onde há excesso de coisas que não te alimentam mais. A ideia é simples e transformadora: antes de mudar de carreira, tenta entender qual parte precisas mudar, pois muitas vezes, não é a carreira inteira que está errada, é apenas um ou dois pontos cruciais que desapareceram do dia a dia.

A metodologia é direta:

– Avalia cada um dos 12 pontos

– Percebe quais são realmente importantes para ti hoje (não há 10 anos)

– Avalia quanto desses pontos existem no teu trabalho atual

– Identifica os pontos ausentes — os que estão no zero, mas deveriam estar no máximo

Este processo revela o mapa emocional da tua carreira. Muitas vezes, descobre-se que se gosta da área, mas a criatividade já não surge; que se aprecia a empresa, mas a autonomia perdeu-se; que existe estabilidade, mas falta impacto; ou que há flexibilidade, mas a aprendizagem desapareceu. E ao perceber tudo isto, vem uma sensação de alívio: o problema é específico e ajustável — não é necessário destruir tudo para reconstruir.

Como aplicar os 12 pontos na vida real

Depois de identificar os pontos mais importantes, o livro sugere trabalhar em duas direções:

Ressignificar o atual trabalho

Explorar formas de trazer de volta aquilo que falta — novos projetos, conversas com a liderança, pequenas negociações, mudanças internas, desenvolvimento de skills.

Ajustar a rota, não abandonar o mapa

Se a tua área ainda te interessa, mas tens carências específicas, a mudança pode ser menos radical do que imaginas: funções próximas, projetos paralelos, cursos, reestruturação de prioridades.

Ou seja, a solução deixa de ser “mudar tudo” e passa a ser mudar o que importa.

O livro reforça que uma carreira não deve ser guiada por uma visão heróica e fixa do futuro, mas sim por uma escuta contínua ao longo da vida.

E, para isso, os 12 Pontos de Prazer funcionam como coordenadas internas: eles revelam não apenas o que está a faltar, mas também em quem te tornaste, quais necessidades amadureceram, quais valores passaram a pesar mais.

Talvez já não queiras apenas crescer — queiras contribuir.

Talvez já não procures estabilidade — procures autonomia.

Talvez já não te alimentas de desafios — alimentas-te de equilíbrio.

A mudança de carreira pode até acontecer, mas agora como resultado de clareza, não de impulso.

No fim, não é sobre a carreira — é sobre ti

A grande lição do The Career Workbook é esta: antes de abandonar a estrada, tenta perceber em que parte dela perdeste o prazer. A vontade de mudança não é um erro, é um pedido discreto para voltar ao que te faz bem e um sinal de que algum dos teus 12 pontos está a chamar a tua atenção.

E quando descobres qual é, a pergunta deixa de ser “Devo mudar de carreira?” e passa a ser: “Como posso trazer de volta o que me dá vida no trabalho?”

Esta é a verdadeira transformação — menos radical, mais honesta, profundamente tua.

Faz o teste e descobre os teus pontos principais

Natalia Montenegro, especialista em comunicação e estratégia de marcas, escreveu no seu substack “Dear Self” sobre este tema e criou um teste rápido, intuitivo e revelador, inspirado no The Career Workbook para descobrir o que realmente te dá prazer no trabalho e é fácil de fazer.

Para começar, lê cada afirmação e avalia quanto ela te representa:

0 = não tem nada a ver comigo

1 = corresponde um pouco

2 = corresponde totalmente

Soma os pontos ao final de cada categoria (cada uma vale um máximo de 10).

No fim, escolhe os teus 6 maiores “Prazeres do Trabalho”. Eles tornam-se o teu compasso interno — a combinação única entre aquilo que te dá alegria e aquilo em que naturalmente tens talento.

1. O Prazer de Fazer Dinheiro

□ Entusiasmo-me quando percebo o que os outros precisam antes que o digam.

□ Vejo ineficiências como oportunidades de negócio.

□ Lucro é um desafio intelectual estimulante.

□ Entendo clientes melhor do que eles próprios se entendem.

□ Gerar dinheiro através de insights genuinamente satisfaz-me.

Total: ___/10

2. O Prazer da Beleza

□ Percebo imediatamente quando algo está esteticamente errado.

□ Em criança, adorava embrulhar, decorar e compor.

□ Objetos bem desenhados dão-me alegria real.

□ Detalhes estéticos elevam a minha experiência de espaço.

□ Uma mesa bonita ou um ambiente harmonioso fazem o meu dia.

Total: ___/10

3. O Prazer da Criatividade

□ Adoro a fase em que tudo é possível — como LEGO antes de construir.

□ Imagino versões melhores de músicas, histórias ou experiências.

□ Gosto de experimentar mentalmente ideias novas.

□ Procuro formas mais eficazes de comunicar e resolver.

□ Pessoas confundem a minha busca por clareza com sede de novidade.

Total: ___/10

4. O Prazer da Compreensão

□ Eu era aquela criança que perguntava “porquê?” para tudo.

□ Adoro quando o caos vira clareza através de uma boa explicação.

□ Escrever ajuda-me a pensar e acalma-me.

□ Frustra-me quando algo não é explicado de forma lógica.

□ Gosto de reportagens que revelam o “por detrás dos bastidores”.

Total: ___/10

5. O Prazer da Expressão Pessoal

□ Em criança, adorava quando perguntavam a minha opinião.

□ Fico frustrado quando não me escutam.

□ Amo partilhar coisas que me apaixonam.

□ A ideia de ser entrevistado(a) ou escrever sobre minhas experiências atrai-me.

□ Sinto-me realizado(a) quando toco alguém com as minhas palavras.

Total: ___/10

6. O Prazer da Tecnologia

□ Gosto de perceber como as coisas funcionam.

□ Pergunto-me qual é a essência de um problema.

□ Acredito que ainda estamos no começo do potencial tecnológico.

□ Admiro ferramentas bem projetadas, simples ou complexas.

□ Vejo tecnologia em tudo — até meias ou cadeiras bem feitas.

Total: ___/10

7. O Prazer de Ajudar os Outros

□ Em criança, sentia-me útil quando me pediam ajuda.

□ Gosto que me contem preocupações, mesmo sem solução perfeita.

□ Trabalho só é significativo se faz diferença para alguém.

□ Gosto de saber como o meu trabalho impactou vidas.

□ Histórias de resgate sempre me atraíram.

Total: ___/10

8. O Prazer de Liderar

□ Gostava de liderar para implementar ideias, não por status.

□ Penso com mais clareza quando outros entram em pânico.

□ Gosto quando procuram o meu conselho.

□ Acredito que liderança se prova por competência.

□ Evito pessoas que fogem da responsabilidade.

Total: ___/10

9. O Prazer de Ensinar

□ Meu impulso é explicar quando alguém erra.

□ Adoro transformar confusão em confiança.

□ Gosto de preencher lacunas quando há interesse genuíno.

□ Lembro-me de professores que valorizavam meu esforço.

□ Às vezes preciso ter cuidado para não parecer patronizador(a).

Total: ___/10

10. O Prazer da Independência

□ Adoro estar sozinho(a) com meus pensamentos.

□ Fascinam-me histórias de quem criou o próprio caminho.

□ Prefiro opiniões próprias a seguir multidões.

□ Detesto tours e atividades hiper guiadas.

□ Estar só recarrega-me.

Total: ___/10

11. O Prazer da Ordem

□ Tudo deve ter o seu lugar — o caos incomoda-me.

□ Irrita-me quando histórias vêm desordenadas.

□ Eu era uma criança cuidadosa e organizada.

□ Gosto de sistemas claros e categorias.

□ Fico fascinado(a) quando elementos se encaixam num todo coerente.

Total: ___/10

12. O Prazer da Natureza

□ Detesto janelas seladas — preciso de ar.

□ Em criança, adorava animais e imaginava suas vidas.

□ Desafios ao ar livre motivam-me.

□ Documentários de natureza fazem-me querer estar lá.

□ A natureza energiza-me mais do que qualquer cidade.

Total: ___/10

Os Teus Resultados:

Os seis maiores prazeres no trabalho são o teu norte profissional e constituem a tua zona preciosa. Eles revelam onde você tem mais chances de ter sucesso, sentir motivação duradoura e entregar real impacto. É o ponto de equilíbrio entre prazer, habilidade e utilidade.

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