“Sharenting” e o perigo invisível da exposição infantil nas redes

Vídeo viral do youtuber brasileiro Felca denuncia como IA, deepfakes e algoritmos colocam menores em risco e reacende debate sobre regulamentação das plataformas

O debate voltou à tona depois do youtuber brasileiro Felca (Felipe Bressanim Pereira) ter lançado, a 6 de agosto de 2025, um vídeo viral intitulado “adultização”. No conteúdo, o youtuber denuncia a exploração infantil online, identifica o que chamou de “Algoritmo P” — que amplifica conteúdos destinados a pedófilos — e aponta influenciadores pela exposição inapropriada de menores.

A repercussão foi enorme: o vídeo já ultrapassa 38 milhões de visualizações e fez o canal ganhar mais de 1 milhão de subscritores. As denúncias provocaram uma onda de mobilização nas redes e reacenderam debates urgentes sobre as leis que protegem crianças na internet.

Reprodução: Canal do Youtube Felca

Porque é que este tema merece atenção
Mesmo fotos aparentemente comuns de crianças podem ser capturadas e manipuladas por IAs para criar conteúdo pornográfico falso. Estes deepfakes, muitas vezes partilhados em comunidades ilícitas, colocam menores em risco de chantagem, assédio e exploração sexual — mesmo sem exposição real ou consentimento.

Além disso, como mostra o vídeo, os algoritmos valorizam conteúdos que sexualizam ou expõem crianças a contextos adultos. Isto força-as a assumir papéis e posturas para agradar à audiência, comprometendo o seu desenvolvimento emocional saudável.

Consequências para as crianças

Traumas emocionais: imagens manipuladas ou vergonha pública podem desencadear ansiedade e baixa autoestima.

Violação de privacidade:
fotos podem ser partilhadas além do círculo de confiança, circulando indefinidamente.

Risco à integridade física:
ao divulgar rotina e localização, famílias facilitam que pessoas mal-intencionadas encontrem as crianças.

Pressão social precoce: padrão de beleza, comportamento e exposição como produto — tudo antes do tempo.

Como agir para as proteger:

  • Pare e pense antes de postar: evite fotos íntimas, com localizações ou uniformes.

  • Defina privacidade rigorosa: perfis fechados, amigos seletos e filtros de idade.

  • Peça consentimento da criança: envolva-a e respeite sua vontade.

  • Valores offline valem ouro: invista no tempo desconectado e na infância genuína.

  • Educação digital é fundamental: ensine privacidade, limites e respeito.

  • Apoie regulamentações eficazes: projetos como a “Lei Felca” visam travar exploração, deepfakes e algoritmos predatórios.

A regulamentação das redes sociais é um tema central para que este problema seja, de facto, enfrentado. Sem regras claras, fiscalização e punições efetivas, qualquer esforço individual será limitado. Proteger as crianças online exige não só a consciência dos pais, mas também a responsabilidade das plataformas e a ação firme do poder público.

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