Parece uma fase marcada por decisões urgentes e pressões sociais sobre tempo e expectativas, mas que tal olhares para o que tu queres?
Chegar aos trinta e poucos anos, para muitas mulheres, não é necessariamente entrar numa crise, mas sim num momento natural de autoavaliação. É quando o ruído externo das expectativas sociais se mistura com uma voz interna que começa a perguntar:
“Estou a viver a minha vida ou apenas a seguir um guião que nem fui eu que escrevi?”,
“O que é que realmente me dá sentido e o que é que faço apenas para agradar aos outros?”,
“Que escolhas estou a fazer por amor e quais é que são por medo?”,
“Estou a colocar a minha energia no que me nutre ou no que apenas me distrai?”.
Estas reflexões, mais do que uma urgência de decidir tudo agora, são um convite para olhar para dentro e reconhecer que a vida não segue um calendário universal.
O que antes parecia obrigatório até aos 30 pode muito bem acontecer aos 35, 40 ou nunca — e está tudo bem. O mais importante é compreender que cada escolha tem o seu tempo e que este momento pode ser, na verdade, o início de um período mais livre, consciente e alinhado com quem realmente és.
Carreira: planeamento com liberdade e criatividade
A ideia de que tens de escolher entre estabilidade profissional e liberdade pessoal já não faz sentido para muitas mulheres. O mercado de trabalho tornou-se mais flexível: o trabalho remoto, os projetos freelance, os anos sabáticos e até as requalificações digitais permitem reinventar a vida profissional com criatividade.
Relacionamentos: compromisso, liberdade ou uma pausa?
Aos trinta, há quem queira um amor estável e há quem prefira explorar relações casuais. E há também quem esteja num momento de autoconhecimento e não queira ninguém por perto. Tudo é válido, desde que seja uma escolha genuína.
Talvez um relacionamento sério hoje signifique alguém que embarca contigo nas tuas aventuras, e não alguém com quem comprar um sofá em conjunto. Ou talvez signifique não estar com ninguém, pelo menos por agora. O importante é que a decisão parta de ti e não de uma pressão exterior.
Pílulas de futuro: congelamento de óvulos
A ansiedade em relação ao relógio biológico é real, mas também isso está a mudar. O congelamento de óvulos tem-se tornado uma alternativa cada vez mais procurada por mulheres que querem adiar a maternidade, ou simplesmente garantir mais opções no futuro.
O poder de redefinir “sucesso”
Talvez o maior “plot twist” desta fase da vida seja perceber que o sucesso não tem uma única forma. Pode ser comprar casa, mudar de país, fundar uma startup ou passar seis meses na América do Sul. Pode ser o desejo de ser mãe. Ou não. De ter um relacionamento duradouro. Ou vários breves. O sucesso pode ser liberdade. Pode ser paz.
E talvez, em vez de temer esta “crise”, possamos vê-la como um convite: questionar os “devia” e abraçar os “quero”. Aos 30 e poucos, tens a bagagem das experiências passadas e ainda a energia para construir tudo de novo — da forma que fizer mais sentido para ti.