Histórias sobre o sector do luxo: o lado inesperado de marcas icónicas 

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O que provavelmente não sabes sobre a Prada, a Chanel, a Hermès e a Louis Vuitton

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O mundo das marcas de luxo costuma estar associado a glamour, sofisticação e tradição. Mas por trás das passarelas e das campanhas milionárias, há histórias curiosas — algumas até paradoxais — que mostram como o luxo também pode ser provocação, rebeldia e ironia.

Prada: a bilionária comunista que quis “fazer roupas feias”

Miuccia Prada, herdeira da marca fundada em 1913, sempre teve um espírito rebelde. Antes de assumir a empresa, estudou ciência política, chegou a ser militante feminista e fazia parte do Partido Comunista italiano, desfilando em protestos nos anos 1970.

As suas primeiras criações para a Prada, apresentadas nos anos 1970 e no início dos 1980, já mostravam a sua audácia e tornaram-se um marco justamente por desafiar as regras rígidas de indumentária impostas pelo regime fascista italiano. 

Na época, as mulheres deveriam usar roupas que destacassem a feminilidade clássica: saias longas, silhuetas marcadas, cores sóbrias e peças que reforçassem padrões tradicionais de elegância e submissão. Miuccia quebrou as regras com ousadia: apresentou roupas sem silhueta definida, saias mais curtas do que o permitido e vestimentas inspiradas em uniformes militares, mas com um toque provocador — valorizando o feminino ao invés da masculinidade. Ela apostou, também, em tecidos incomuns e combinações consideradas “feias” ou antiestéticas pela moda da época, como o nylon castanho e sapatos de aspeto pesado.

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O impacto da coleção foi imediato: Miuccia transformou a “anti-moda” em desejo absoluto, mostrando que a provocação, a inteligência e a subversão também podiam ser sinónimos de luxo. Essa abordagem não só consolidou a identidade da Prada como marca inovadora e intelectual, mas também redefiniu o que podia ser considerado elegante, abrindo caminho para o conceito moderno de luxo, que mistura estética, ideal e atitude.

Chanel: uma revolução costurada na liberdade

Gabrielle “Coco” Chanel nasceu em 1883, na pequena cidade de Saumur, em França. Quando tinha 12 anos, após a morte da mãe, o pai enviou-a para um orfanato, onde aprendeu a costurar com as freiras — habilidade que se tornaria fundamental para a sua carreira na moda. Após sair do orfanato, aos 18 anos, começou a trabalhar como cantora de cabaré, de onde surgiu o seu icónico apelido “Coco”.

Antes de criar malas icónicas ou perfumes lendários, Chanel começou por confecionar chapéus e roupas, tendo vendido as suas primeiras peças a mulheres da alta sociedade. Conhecida pelo seu estilo simples e elegante, inspirou-se no guarda-roupa masculino para criar peças mais práticas, confortáveis e fluídas, quebrando padrões de feminilidade e libertando o corpo da mulher do espartilho sufocante, ao mesmo tempo que desafiava a moda feminina restritiva ao focar-se no conforto e na liberdade da mulher. 

Além de popularizar o preto como cor elegante – o vestido preto básico –  Chanel foi pioneira ao criar o conceito de ready-to-wear de luxo, aproximando a alta costura de um público mais amplo, sem perder exclusividade. Adaptou, também, o tecido jérsei, o tweed e o fato masculino (tailleur) para a moda feminina, priorizando a elegância sem abrir mão da funcionalidade e do movimento das mulheres. 

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O perfume No. 5, lançado em 1921, continua a ser um ícone global, com edições limitadas e colaborações artísticas que mantêm a marca relevante. Hoje, sob a direção de Virginie Viard, a Chanel mantém a sua essência clássica, mas incorpora elementos modernos, além de investir em sustentabilidade, com tecidos reciclados e processos conscientes. Celebridades e influenciadores continuam a ser pilares estratégicos da marca, garantindo o seu desejo aspiracional e presença digital.

Hermès: do cavalo ao luxo absoluto

Fundada em 1837, como uma pequena oficina de arreios e selas para cavalos, a Hermès levou mais de um século até se tornar um símbolo de sofisticação. 

A Birkin Bag, o seu produto mais famoso, nasceu de um encontro casual durante um voo, nos anos 1980, entre Jean-Louis Dumas (então CEO da Hermès) e a atriz Jane Birkin, que reclamava da falta de bolsas práticas para as mães. A Hermès desenhou, então, uma bolsa para ela — e hoje a Birkin é um dos artigos mais caros e exclusivos do mundo, com listas de espera de até 6 anos.

Um dos pilares da marca é, precisamente, a sua produção artesanal – mantida até hoje – com cada peça a exigir horas de trabalho manual. Essa dedicação faz com que mesmo os itens menos conhecidos, como cintos e lenços de seda, se tornem exclusivos e colecionáveis.

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A marca expandiu, depois, o seu portfólio para jóias, relógios, perfumes e objetos de lifestyle, reforçando o conceito de luxo completo. Colaborações com artistas contemporâneos e edições limitadas mantêm a relevância entre públicos jovens, enquanto a empresa se destaca pelo uso de materiais de alta qualidade e origem ética, alinhando-se também com as demandas atuais por um consumo mais consciente.

Louis Vuitton: da tradição à inovação

Louis Vuitton começou a criar malas e baús em 1854. Devido à popularidade das viagens de combóio e automóvel, Vuitton percebeu que existia uma oportunidade: havia um mercado crescente para malas e caixas de viagem. Além disso, e de forma notável, criou a primeira fechadura do mundo à prova de arrombamento para as suas malas e arcas, unindo luxo e inovação tecnológica muito antes da chegada da era moderna.

A primeira versão do seu icónico monograma foi criada em 1888, não apenas por uma questão de estilo, mas também como forma de proteger os seus produtos contra falsificações, pois já naquela época o sucesso era tão grande que os ladrões copiavam os seus modelos.  Assim, a estampa “LV” como a conhecemos hoje começou a ser utilizada em 1896, de forma a diferenciar os produtos originais dos falsificados. Até hoje, a Louis Vuitton é a marca de luxo mais falsificada do mundo. 

Nos últimos anos, a LV entrou em força no streetwear. Sob a direção artística de Virgil Abloh (2018–2021), a marca misturou tradição e cultura urbana, trazendo hoodies, ténis e grafismos que dialogam com a juventude global. 

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Entre as suas colaborações mais importantes e icónicas estão: a parceria com a Supreme, que uniu luxo e streetwear em peças colecionáveis; projetos com a Nike, resultando em ténis exclusivos que combinam o legado LV com inovação desportiva; e colaborações com artistas contemporâneos, como Jeff Koons, que reinterpretou clássicos da casa em edições limitadas e extremamente desejadas. 

Hoje, a Louis Vuitton mantém o equilíbrio entre tradição e inovação, conquistando tanto os colecionadores de luxo como os fãs de cultura urbana, envolvendo-se ativamente em tendências de sustentabilidade e produção consciente.

O luxo como provocação 

Estas curiosidades mostram que o luxo não é apenas sobre roupas ou acessórios caros: é sobre ideias, revoluções culturais e ironias do destino. De uma bilionária comunista que quis provocar o mundo através de roupas “feias”, a uma bolsa criada depois de uma conversa no avião e que se transformou num objeto de desejo global, o segmento de luxo guarda histórias que desafiam padrões e contam muito sobre o nosso tempo.

O sector de luxo é muito mais do que glamour: é um motor financeiro global. A Bain & Company estima que o mercado do luxo tenha movimentado 1.48 triliões de euros, em 2024, abrangendo moda, acessórios, cosméticos, jóias, relógios, automóveis e experiências exclusivas. Este valor mostra que, por trás do brilho e da sofisticação, existe um universo altamente estratégico, inovador e lucrativo.

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