GOB Books: leituras para inspirar corpo, mente e sociedade

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Quatro livros que revelam caminhos para cuidares de ti, questionares o mundo e transformares realidades

A leitura, assim como o desporto, oferece-nos movimento: às vezes suave e acolhedor, outras vezes intenso e desafiante. Na Girls on Board, acreditamos que os livros têm o poder de transformar, tal como uma onda bem surfada — provocam quedas, despertares e novas formas de olhar para a vida.

Nesta seleção mensal de GOB Books, trazemos quatro títulos que se complementam. Uns falam de saúde e autoconhecimento, outros de crítica social e identidade. Todos, porém, têm algo em comum: o convite para olhar para dentro e para fora com uma maior consciência.

O diferencial de Vitti é propor uma abordagem cíclica: entender e respeitar as quatro fases do ciclo menstrual, ajustando alimentação, atividades físicas e, até, tarefas profissionais, de acordo com a energia disponível em cada momento.

Pontos importantes:

  • A menstruação não é um incómodo para ser ignorado, mas sim uma bússola de saúde.

  • Comer, treinar e planear a rotina, de acordo com o ciclo menstrual, pode aumentar a energia e a produtividade.

  • A saúde hormonal impacta não só a fertilidade, mas também o humor, foco, criatividade e bem-estar geral.

Reflexão: Será que já percebeste que o teu ciclo não te “atrapalha”, mas sim que te guia? Este livro é um convite para mudar a narrativa sobre o corpo feminino – empoderamento pelo corpo.

Durante a obra, a autora propõe exercícios de consciência corporal que revelam como guardamos histórias pessoais nos músculos, na respiração e na forma de andar.

Pontos importantes:

  • O corpo é um arquivo vivo da nossa história.

  • Muitas dores físicas são expressões de algo emocional ou psicológico.

  • É possível reaprender a habitar o corpo de forma livre, sensível e sem violência contra nós próprios.

Reflexão: Será que ouvimos o corpo com atenção ou só reagimos quando ele grita em forma de dor? Mais: até que ponto os nossos movimentos são realmente nossos e não moldados por padrões externos de beleza, disciplina e controlo? Este livro convida-nos a reaprender o sentir.

A frase “todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros” tornou-se um símbolo universal da hipocrisia do poder e da fragilidade das revoluções quando não existe uma vigilância crítica.

A edição de 2021

A nova edição de 2021 chega num momento de forte debate sobre fake news, polarização política e manipulação de narrativas. Isso faz com que a leitura da obra ganhe novas camadas de sentido: o que em 1945 era uma crítica à distorção de ideais revolucionários, hoje ecoa como um alerta para sociedades contemporâneas que enfrentam desafios semelhantes.

Muitas edições recentes trazem introduções e prefácios que contextualizam a obra para o público de hoje, sublinhando sua atemporalidade. Em 2021, o livro não é apenas uma lembrança do passado, mas quase um espelho do presente.

Paralelo entre 1945 e 2021

  • 1945: Crítica direta ao autoritarismo soviético e à forma como regimes podem usar discursos de igualdade para instaurar sistemas de opressão.

  • 2021: Leitura que ressoa no cenário atual de manipulação de informação, crise de confiança nas instituições e crescente desigualdade social, além do avanço do fascismo.

Em ambas as épocas, o ponto central permanece: sem consciência crítica e política, qualquer revolução pode ser sequestrada pelo poder.

Reflexão: Se Orwell escreveu com a intenção de alertar sobre os perigos da distorção ideológica em meados do século XX, hoje lemos “A Quinta dos Animais” como uma lição contínua: a história repete-se quando deixamos de aprender com ela.

Pontos importantes:

  • Feminismo não é contra homens, mas a favor da liberdade de todos.

  • Pequenos gestos e mudanças de mentalidade podem gerar grandes transformações.

  • A escrita é direta, clara e, ao mesmo tempo, acolhedora, convidando qualquer pessoa a refletir.

Reflexão: Quantas vezes aceitamos como “naturais” alguns papéis e restrições que limitam o potencial feminino? “Sejamos Todos Feministas” mostra que igualdade não é utopia — é um caminho possível, e urgente.

O que levamos destas leituras

Ler estes quatro livros é como percorrer diferentes partes da consciência, cada uma trazendo uma lição única, mas que se complementam na formação de um olhar mais amplo sobre nós mesmas e sobre o mundo. 

Em “WomanCode”, Alisa Vitti lembra-nos que o corpo feminino não é um enigma a ser tolerado, mas uma bússola poderosa, capaz de orientar escolhas de saúde, energia e bem-estar. Já em “O Corpo tem suas Razões”, Thérèse Bertherat e Carol Bernstein conduzem-nos numa redescoberta íntima da forma como habitamos o nosso corpo, revelando que cada dor ou tensão pode ser um recado profundo de experiências não resolvidas.

No plano social e político, George Orwell continua mais do que atual com “A Quinta dos Animais”: o alerta que lançou em 1945, sobre o risco de distorção de ideais e abuso de poder, encontra eco nos nossos dias, sobretudo na era da desinformação e da polarização. 

Por fim, e trazendo a reflexão para o quotidiano mais imediato, Chimamanda Ngozi Adichie, em “Sejamos Todos Feministas”, convida-nos a pensar sobre a igualdade de género de forma acessível e prática, mostrando como mudanças de mentalidade, mesmo que pequenas, podem transformar relações e abrir caminhos para uma sociedade mais justa.

Juntas, estas obras formam um verdadeiro mosaico: a saúde e a consciência corporal, a crítica social e o feminismo entrelaçam-se num convite para viver de forma mais consciente, livre e conectada. Talvez essa seja a maior força dos livros: a capacidade de nos transformar por dentro e, ao mesmo tempo, de nos preparar para agir no mundo com maior clareza e propósito.

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