Back to Be: o movimento das mulheres que querem ser apenas elas mesmas

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Após uma saga avassaladora de procedimentos estéticos e harmonizações faciais, cresce o desejo de simplesmente existir sem ter de estar constantemente a “melhorar-se”

Nos últimos anos, um fenómeno curioso tomou conta do mundo digital: os rostos começaram a repetir-se. Rosto de filtro, nariz fino, maxilar vincado, sobrancelhas arqueadas e lábios preenchidos — pareciam todos ter saído da mesma linha de produção. Um conjunto quase genérico que se tornou a nova máscara da beleza, quer em celebridades, influencers ou pessoas comuns.

Um padrão que promete liberdade, mas impõe regras
Durante muito tempo, vendeu-se às mulheres a ideia de que poderiam ser “a sua melhor versão”. Em teoria, uma proposta de empoderamento. Na prática, uma armadilha. Porque essa tal “melhor versão” tornou-se, afinal, uma versão única: um molde, um padrão cada vez mais estreito. O que começou como liberdade estética transformou-se em pressão disfarçada.

A promessa da autoaceitação veio carregada de exigências: para te aceitares, tens primeiro de mudar. Corrigir o que está “errado”, esconder o que é “real”, suavizar, afinar, aumentar. A individualidade tornou-se um ruído — algo a corrigir para caber numa estética quase industrial.

O Back to Be não é um retrocesso. É um recomeço. É a recusa em viver refém de um rosto que não pertence a ninguém. É o regresso ao que é real — mesmo que isso inclua rugas, olheiras ou uma assimetria aqui e ali.

O rosto como produto e a carência como combustível
As redes sociais, com os seus filtros e algoritmos, moldaram não só a estética como também as inseguranças. Ver o rosto padronizado ser celebrado, curtido, partilhado, gera um impulso difícil de resistir: se aquele é o modelo que recebe aprovação, é para lá que se vai. Mesmo que isso custe a própria identidade.

Por trás disso, há uma questão profunda de carência. De pertença. As pessoas querem ser vistas, admiradas, amadas. E se o caminho para isso parece passar por um molde estético, muitos seguem-no sem questionar.

A felicidade tem um formato?
Talvez a pergunta mais urgente a colocar seja: porque é que ainda acreditamos que a felicidade tem um rosto? Que cabe num tamanho XS, numa pele sem textura, num ângulo sempre favorável?

O movimento Back to Be propõe justamente o contrário: que a felicidade pode — e deve — ser plural. Que ela vive na diversidade, na naturalidade, na coragem de não se encaixar. Porque a verdadeira liberdade não está em parecer perfeita. Está em não precisar parecer nada.

Celebridades a dar exemplo

Algumas figuras públicas estão começar a questionar essa corrida desenfreada pela perfeição artificial. Elas estão a optar por reduzir ou até mesmo reverter procedimentos estéticos, permitindo que seus rostos e corpos respirem a autenticidade novamente.

Gwyneth Paltrow, Gigi Hadid, Cara Delevingne, Drew Barrymore e Jessica Athayde sempre partilham imagens sem maquilhagem para impulsionar uma estética mais genuína.

A atriz Pamela Anderson já tem um tempo que não usa mais maquilhagem no tapete vermelho e declarou que isso sim era “liberdade real”, além de criticar o visual indiferenciado gerado por IA e filtros.

Recentemente, Nicole Kidman, em férias na Croácia, exibiu seus cachos naturais e revelou arrependimento dos anos em que os alisava por exigências do cinema, encorajando meninas a aceitarem suas texturas naturais. 

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