A canábis faz mais do que fumaça: o boom bilionário da planta mais versátil do planeta

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Descobre como a erva superou o estigma e se transformou num dos setores mais lucrativos do mundo

De acordo com a Roots Analysis, o mercado global de canábis foi avaliado em US$ 39.2 mil milhões, em 2024, e deve atingir US$ 47.8 mil milhões em 2025, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 17,1% até 2035. Nos Estados Unidos, as vendas legais de canábis totalizaram US $30,1 mil milhões em 2024, refletindo a crescente aceitação e procura por produtos à base de canábis, segundo o Departamento de Regulamentação de Canábis da Cidade de Los Angeles.

CBD: o canábis que abriu as portas

Antes de falarmos de moda, cosmética e medicamentos, vale a pena começar pelo composto que fez muita gente rever os seus preconceitos: o CBD (canabidiol). Não dá “moca”, tem propriedades anti-inflamatórias e relaxantes, e virou o preferido de quem procura o bem-estar natural. De cremes faciais a óleos para ansiedade e dores crónicas, o CBD é a face mais popular da canábis — tendo ajudado a transformar a imagem da planta, de “tabu” para uma tendência global.

Cosméticos com canábis: beleza e bem-estar

Um sérum que acalma a pele, hidrata e ainda combate sinais de envelhecimento. Parece futurista? Não é.  O CBD e o cânhamo estão a bombar no mundo da beleza – são compostos não psicoativos da canábis. Estes compostos apresentam propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e hidratantes, tornando-os ideais para produtos de pele, cabelos e, até, maquilhagem. 

Além disso, a popularidade do conceito “beleza clean” e natural fez da canábis um ingrediente de luxo e de tecnologia tal, que as marcas mais atentas estão todas a entrar nesta tendência. É o tipo de produto que parece simples, mas que, no final, carrega ciência e inovação em cada gota.

Já experimentaste um creme com CBD? A diferença pode ser mais do que o sentir na pele – é uma experiência sensorial, com aroma, textura e efeito calmante.

Cânhamo: moda consciente e sustentável

O cânhamo industrial é a estrela da moda eco-friendly. Ele é resistente, biodegradável e precisa de muito menos água e pesticidas do que o algodão. De roupas e ténis a acessórios, já está a ser usado por marcas que querem unir estilo e sustentabilidade. Além da sustentabilidade, as suas fibras são valorizadas pela sua resistência, tornando-se uma alternativa ecológica aos materiais sintéticos. 

Novos compostos: HHC e além

O HHC (hexahidrocannabinol) é um canabinoide semi-sintético da canábis que está a ganhar terreno em mercados onde o THC (tetrahidrocanabinol), principal composto psicoativo da planta ainda é restrito. Este canabinoide oferece efeitos psicoativos semelhantes, mas com perfis legais distintos. Investigadores e empresas estão a explorar o HHC como uma nova categoria de produto recreativo ou terapêutico, ampliando o portfólio da indústria de canábis.

Nos comestíveis — pastilhas, chocolates, gomas — o HHC está também a ganhar espaço. Por ser estável e não se estragar facilmente com calor ou luz, é ideal para produtos alimentícios, além de mascarar bem o sabor característico da planta. Marcas de snacks e confeitaria nos EUA, e em parte da Europa, já oferecem gomas com micro dosagens de HHC para uso recreativo, prometendo efeitos de leve relaxamento leve e melhoria do humor.

Especialistas avisam, e justamente por esta falta de regras, que o consumidor deve ter cuidado: a pureza e a dosagem dos comestíveis de HHC dependem do rigor do fabricante. A recomendação é procurar marcas que apresentem laudos laboratoriais independentes, garantindo que não existem solventes residuais ou níveis de THC acima do permitido.

Uso medicinal: quando a natureza dá uma ajuda

A canábis medicinal tem sido amplamente estudada e regulamentada em diversos países. Compostos como CBD e THC são utilizados para o controlo de dor crónica, ansiedade, epilepsia, náuseas induzidas por quimioterapia e distúrbios do sono. Médicos e pesquisadores destacam que a planta oferece uma alternativa a medicamentos tradicionais, e muitas vezes com menos efeitos colaterais, embora o acompanhamento clínico seja essencial. Ou seja, o uso medicinal da canábis não é uma “moda”: é ciência pura. Aquela planta que imaginávamos apenas em filmes ou séries agora está realmente a ajudar pessoas e de forma regulamentada, em vários países. É a natureza a mostrar o seu poder no cuidado diário.

Um estudo de 2022, publicado na Acta Neurologica Scandinavica, indicou que o uso de canábis foi associado a melhorias na função motora (69,5%), sono (52,5%) e redução da dor em pacientes com Parkinson. Embora estes resultados sejam promissores, os autores destacam a necessidade de mais pesquisas para confirmar a eficácia e segurança do uso de canábis na doença.

Em Portugal, o uso de canábis medicinal é regulamentado pelo Infarmed e aprovado para tratamento de dor crónica associada a doenças como Parkinson, desde 2019. A utilização deve ser supervisionada por profissionais de saúde, garantindo a segurança e eficácia do tratamento.

Legalização: o mundo está a abrir-se

O mapa da canábis está a mudar rapidamente: países como Canadá, EUA, Alemanha, Portugal, Argentina, Chile, Colômbia estão a ampliar a legalização da canábis para fins medicinais e/ou recreativos. E a tendência é clara: quanto mais regulada, mais segura e confiável a planta se torna, abrindo espaço para produtos de alta qualidade e inovação em diferentes setores. 

E então, já paraste para pensar quantos setores esta plantinha está a dominar? Com a legalização a avançar e a pesquisa científica a aprofundar-se, a planta consolida-se como uma das mais promissoras em termos de inovação, sustentabilidade e impacto económico global.

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